O tema “Adolescentes no contexto da violência – Vítimas ou vitimizadores?” está em debate nesta quinta (08) e sexta-feira (09) na capacitação promovida pelo Instituto de Atendimento Sócio-Educativo do Espírito Santo Iases e pela Associação Capixaba de Desenvolvimento e Inclusão Social (ACADIS), para preparar 160 profissionais que irão atuar no novo Centro Socioeducativo de Atendimento ao Adolescente em Conflito com a Lei, em Tucum, Cariacica.
A psicóloga e professora Sandra Baccara, que atualmente atua em universidades de Brasília, foi convidada para ministrar dois dias de aulas e debates na capacitação que começou nesta segunda-feira (05) e terá duração de quatro semanas.
A especialista explicou que a escolha da abordagem do tema na capacitação surgiu em decorrência da necessidade de despertar na equipe formada por diversos profissionais uma visão diferenciada da transgressão do adolescente em conflito com a lei.
“Trago a referência do psicanalista inglês Winnicot sobre a visão diferenciada da transgressão, como se fosse um pedido de ajuda, um grito por socorro, dizendo que ainda há esperança de resgate do que aquele adolescente perdeu”, avaliou a especialista.
Ela referenciou que na época da II Guerra Mundial, em Londres, Winnicot coordenou o atendimento a grupos de crianças e adolescentes que eram recolhidos de áreas de risco e levadas para o interior e, com este trabalho, o psicanalista inglês passou a estudar a tendência anti-social e analisar a transgressão como um pedido de ajuda.
Para a psicóloga, existe maior risco de violência para um adolescente quando ele perde a esperança e a equipe que irá atuar no Centro Socioeducativo terá que buscar situações, ambientes e diálogos para mostrar a este adolescente que ele pode resgatar a esperança e ter uma nova perspectiva de vida.
“A proposta de metodologia deste novo Centro mostra que se pode acreditar em um resgate de esperança, ter um espaço para se ressocializar, para a profissionalização e educação. É um ambiente em que o adolescente terá facilidades de construir um novo mundo, é claro que com limites, mas também com muito afeto”, analisa a psicóloga.
Sandra disse ainda que o planejamento da capacitação da equipe realizada simultaneamente com todos os profissionais e especialistas que irão atuar no Centro já mostra que a proposta de atendimento é diferenciada e integrada com foco em uma visão sistêmica.
“Qualquer profissional que aqui está, seja ela uma cozinheira, um advogado, tem que ter consciência de que vai olhar para estes meninos e dar possibilidade dele fazer um resgate para o futuro. Não só olhar para estes meninos como bandidos, mas sim que eles transgrediram e estão pedindo socorro”, disse Sandra.
Abertura
A capacitação foi aberta pela equipe do Iases nesta segunda (05) e terça-feira (06), que apresentou de que forma funciona o Instituto, bem como seus programas, o funcionamento das unidades, metas e desafios do atendimento ao adolescente em conflito com a lei aos profissionais presentes.
Os profissionais também participaram da palestra sobre os “Princípios do atendimento socioeducativo: painel integrado da doutrina da situação irregular e da doutrina da proteção integral”, com o promotor de Justiça do Paraná, Mário Ramidoff, e sobre a “Concepção de Segurança”, com o especialista na área Dr. Carlos Alberto Corade.
A capacitação da equipe visa abordar a proposta de atendimento pedagógico e sócio-terapêutico, a fim de preparar os funcionários da ACADIS para atuar no novo centro que começa a funcionar no primeiro trimestre de 2009.
Centro Socioeducativo
O Centro Socioeducativo de Atendimento ao Adolescente em Conflito com a Lei, localizado em Tucum, Cariacica, é uma construção que é modelo arquitetônico nesta área em nível nacional, desenvolvida em um convênio entre o Governo do Estado e o Governo Federal, por meio da Subsecretaria de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República (SPDCA/SEDH/PR), num investimento aproximado de R$ 7 milhões.
A unidade é um marco para o Estado do Espírito Santo no que tange as ações de atendimento ao adolescente em conflito com a lei por ser um espaço estruturado, diferente do atual, que cumpre as exigências do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase).
Serão oferecidas 80 vagas em um modelo arquitetônico organizado em módulos progressivos e individuais de atendimento, sendo que 60 vagas serão ofertadas na estrutura do Centro e outras 20 no sistema de Casas Repúblicas, que funcionarão em comunidades da Grande Vitória. A principal estratégia é a inclusão social do adolescente.
O projeto do Centro Socioeducativo do Iases, desenvolvido desde a sua inicialização com a equipe técnica do Governo Federal e aprovado pelo Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), já se definia tomando como base tais adequações, antes mesmo do Sinase ser aprovado em 2006, o que o tornou uma iniciativa pioneira e diferenciada, segundo a diretora-presidente do Iases, Silvana Gallina.
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