08/12/2023 12h38 - Atualizado em 25/01/2024 17h16

Unidades do Iases recebem 14 gibitecas

Foto: Ana Luzes

Agora todas unidades socioeducativas do Espírito Santo contam com uma novidade na área da cultura: uma gibiteca, espaço no qual os socioeducandos poderão ter acesso à leitura de quadrinhos, mangás, graphic novels, fanzines, cordeis e outras produções do universo geek. A cerimônia de entrega das 14 gibitecas, aconteceu nessa terça-feira (5), na Unidade de Internação Metropolitana (Unimetro), em Vila Velha, e contou com a presença de representantes de órgãos como o Instituto de Atendimento Socioeducativo do Espírito Santo (Iases), da Secretaria Estadual de Cultura (Secult), mandatos parlamentares, movimentos sociais e de artistas que fizeram murais em grafite nas gibitecas. A construção das gibitecas faz parte do Projeto Narrativas Periféricas, realizado pela Ciclo Escola.

Os números mostram a grandiosidade do projeto. Foram 14 gibitecas nas 12 unidades socioeducativas do Espírito Santo: Unidade de Internação Provisória I (UNIP I), em Cariacica; que recebeu três gibitecas, pois os jovens não transitam entre as moradias, sendo necessário atender cada uma delas; Unidade de Internação Provisória II (UNIP II), Unidade Feminina de Internação (UFI), Centro Socioeducativo de Atendimento ao Adolescente em Conflito com a Lei (CSE) e Unidade de Internação Socioeducativa (Unis), também em Cariacica; Unidade de Internação Socioeducativa Norte (Unis Norte) e Unidade de Internação Provisória Norte (Unip Norte), em Linhares; Unidade de Internação Socioeducativa Sul (Unis Sul ) e Unidade de Internação Provisória Sul (Unip Sul ), em Cachoeiro de Itapemirim. Há também duas Casas de Semiliberdade, sendo uma na Serra e a outra em Vila Velha. Nesse último município, tem, ainda, a Unimetro.

Em sua fala, o diretor-presidente do Iases, Fabio Modesto, também destacou o potencial do projeto de abrir caminhos. “A leitura, a educação, a cultura, abrem os horizontes, te levam para outro espaço. Estamos em um espaço de privação de liberdade. Ao ter acesso à leitura os meninos irão esquecer que estão nele”, disse.

A iniciativa conta com recursos captados por meio da Lei de Incentivo à Cultura Capixaba (LICC), patrocínio da Transportadora Associada de Gás – TAG, apoio do Iases e da Secretaria de Cultura de Vitória. Durante a cerimônia de entrega, a gestora cultural do Narrativas Periféricas, Karlili Trindade, frisou que as unidades socioeducativas não podem ser espaços de usurpação de direitos. “Sou abolicionista penal, gostaria de viver em um mundo sem cárcere, mas enquanto houver cárcere, que todos direitos sejam garantidos, que todos socioeducandos que aqui estão tenham acesso a direitos como a cultura”, defende Karlili, que teve sua fala ratificada pela representante do Movimento Desencarcera, Ana Nery, que destacou a importância do acesso à cultura.

Foram três meses de produção, cinco fotógrafos trabalhando no projeto, 60 almofadas e puffs adquiridos como parte do mobiliário das gibitecas, 163 metros de tatame, 3.600 exemplares para os acervos, 450 metros de área grafitada, já que cada gibiteca conta com painéis em grafite pintados por um time de 12 artistas: Karen Valentin, Starley Bonfim, Luhan Gaba, Fredone, ED Brown, Nico, Fel, Thiago Balbino, Camaleão, Jotta, Rudinho e Menoon. Nas unidades de semiliberdade foram realizadas oficinas de grafite para criar os painéis. Dos 56 socioeducandos que participaram da etapa da pintura, 19 deles já ganharam liberdade.

Thiago Balbino participou da cerimônia representando os grafiteiros. “Acredito muito que os jovens que estão aqui têm direito a esse respiro, a essa oportunidade, a vislumbrar algo diferente na sua trajetória”, disse. A subsecretária de Cultura, Maria Thereza Bosi, destacou o diferencial do Narrativas Periféricas. “Recebemos muitas propostas, algumas falam mais alto ao coração. O Narrativas Periféricas, por exemplo, é para transformar o ambiente de encarceramento, a vida dos jovens e de quem trabalha nas unidades socioeducativas. É um projeto que traz frescor, contato com artistas, possibilidade de se expressar artisticamente”, afirmou.

A gerente de Profissionalização, Esporte, Cultura e Lazer do Iases, Nathalya Galvão, classificou a iniciativa como “um ganho, uma satisfação”. A diretora socioeducativa, Frantieska Azevedo, aponta que, normalmente, quando os jovens chegam às unidades socioeducativas, eles vêm com uma trajetória de direitos violados, como à cultura, lazer, esporte e profissionalização. Assim, conforme afirma, o Narrativas Periféricas “abre novos caminhos para meninos e meninas”.

Acervo

O acervo das gibitecas é composto por exemplares doados durante a campanha realizada pelo projeto Narrativas Periféricas na capital, em Cachoeiro de Itapemirim e Linhares; exemplares comprados em sebos, editora e diretamente com autores negros e periféricos. A proposta é que os jovens que cumprem medida socioeducativa, que são um recorte específico da periferia, possam entrar em contato com obras de artistas que também são periféricos, estimulando seu engajamento no universo geek a partir da identificação de seus pares.

 “A ideia é utilizar os quadrinhos, uma literatura popular, para construção de narrativas plurais, incentivando a leitura, escrita e a formação do senso crítico. A proximidade da leitura com a identidade reforça o sentimento de pertencimento. O Narrativas Periféricas se propõe a fortalecer as políticas públicas que garantem direito e acesso à cultura”, acredita Karlili.

Próximos passos

Outra iniciativa importante do projeto envolve a realização de oficinas de quadrinhos nas unidades socioeducativas, a serem ministradas por jovens que tiveram melhor desempenho durante a Formação em Quadrinhos, realizada entre os dias 30 de setembro e 28 de outubro. Dos 30 jovens da Grande Vitória, de Linhares e Cachoeiro de Itapemirim que participaram dessa formação, 13 foram selecionados para multiplicar, entre os socioeducandos, o conhecimento adquirido. Para ministrar as oficinas, que terão carga horária de 12 horas, cada um vai receber uma bolsa no valor de R$ 1.200. Até o final do projeto, será produzida uma coletânea reunindo trabalhos dos alunos da formação e das oficinas, e também uma websérie, a serem lançadas no evento de encerramento, em fevereiro.

Sobre a TAG

A TAG detém a mais extensa rede de gasodutos de transporte de gás natural do país, com aproximadamente 4.500 km, que atravessam quase 200 municípios de dez estados brasileiros. São 3.700 km na região costeira do Brasil – nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Espírito Santo e Rio de Janeiro –, e outros 800 km no Amazonas.

No Espírito Santo, a TAG opera cerca de 540 km de gasodutos com dois pontos de entrada (recebimento de gás natural) e 11 de saída (entrega), além de duas estações de compressão, com volume de gás entregue no estado (média diária) de aproximadamente 2,500 milhões de m³ para abastecer CDL (Distribuidora Local de Gás Canalizado), indústrias em geral e térmicas.

A companhia tem como acionistas a ENGIE, com 65% de participação, empresa líder em energia renovável do país, que atua em geração, comercialização e transmissão de energia elétrica, transporte de gás natural e soluções energéticas, e a CDPQ, grupo de investimentos global, com 35% de participação.

 

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