Para as adolescentes, ela é mãe e avó, que aconselha e dá carinho e atenção. Em troca, recebe respeito e admiração
“Sou casada e não tenho filhos. Mas na unidade me sinto uma mulher completa, aqui também sou mãe e avó”.
É assim que Maria Brígida se sente à frente da Unidade Feminina de Internação (Ufi). São 37 anos de profissão no Instituto de Atendimento Socioeducativo do Espírito Santo (Iases) e nove como gerente da unidade. Ela conta, emocionada, que foi um desafio muito grande assumir a gerência feminina, porque nunca tinha trabalhado com meninas. “Logo que cheguei, percebi que elas são mais carentes, demandam mais a nossa atenção. Mas o melhor que fiz foi suprir essa carência. Nós, mulheres, temos o instinto materno e logo me senti mãe, é assim que muitas me chamam. Temos uma relação de respeito e carinho”, disse.
Os anos dedicados à Ufi mudaram não só a sua vida profissional, mas também a pessoal. Com muito orgulho, ela comenta que a pedido das adolescentes já passou natais na unidade e que a família e o marido entendem e sabem o quanto ela é feliz no que faz. “É a extensão da minha casa, da minha família. Aqui eu tenho paz e prazer”, garantiu.
Segundo Brígida, apesar dos desafios e superações diárias que ela e todos os profissionais têm, tudo se transforma em aprendizado e crescimento. “Aprendemos diariamente com essas meninas”, relata.
Ela conta que um fato novo marcou e transformou a rotina de todos. Após alguns dias em que uma jovem deu entrada na unidade foi descoberto que ela estava grávida. “Nem ela sabia. Hoje temos um bebê recém-nascido com a gente. Sinto-me avó”, disse sorrindo.
A gerente contou que a chegada do bebê mudou o dia a dia não só dos profissionais, mas de todas as adolescentes. “Elas precisaram entender o momento de silêncio que um bebê precisa, os cuidados da mãe após o parto, entre outras tantas coisas. É como uma família, temos que nos adaptar a tudo e nos ajudar”, comentou.
O diálogo tem sido algo muito importante na unidade. Um dos pontos principais das conversas é ser mulher. “Eu converso muito com elas sobre ser mulher, sobre o valor e o respeito que temos que ter por nós mesmas, assim como receber.”
Maria Brígida relata que ver as adolescentes superando tudo o que já viveram, o convívio entre elas, cada uma com sua história de vida, e privadas de liberdade é sem dúvida uma lição de vida para todas as mulheres. “Essas meninas são exemplo de vida para mim e para qualquer mulher que conhece a história delas. Apesar de carentes e sofridas, muitas desde o nascimento, conseguem superar o que trouxeram com elas e isso é muito gratificante para nós, porque isso é resultado do nosso trabalho. Elas estão privadas de liberdade, mas aprenderam a ser resilientes. Muitas falam que nem querem mais sair daqui”, disse.
Para Brígida, as adolescentes da Ufi fazem parte das milhares de meninas que vão ser as mulheres de um futuro não muito distante. “Quero vê-las fazer de tudo o que viveram e aprenderam na vida e aqui como um pedestal para elas, para a família que vão construir, para os filhos que vão ter e para as profissionais que vão se transformar. Vejo muitas delas mais fortalecidas e reconstruídas, mas elas não têm ideia do quanto me transformaram enquanto mulher e profissional”, revela.
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