Recomeço. É com essa expectativa que dez jovens de 18 anos, que cumprem medida socioeducativa na Unidade de Internação (Unis) Norte do Instituto de Atendimento Socioeducativo do Espírito Santo (Iases), estão dando um novo rumo para suas vidas. Todos estão empregados com carteira assinada e trabalhando em duas fazendas produtoras de mamão e coco na região de Linhares.
Sete dos jovens estão trabalhando na Fazenda Walkymar, produtora de coco. Os demais estão na fazenda Pouso Alegre. “Todos eles já estão na fase final do cumprimento da medida socioeducativa no regime fechado”, explicou o subgerente socioeducativo da unidade, Marconi dos Santos.
Com carga horária de 40 horas semanais, os jovens são levados e trazidos todos os dias para os seus respectivos locais de trabalho. “Eles têm todas as garantias previstas na Legislação Trabalhista. O salário é depositado todo mês em uma poupança. Alguns destinam uma parte dessa verba para a família e quando saem da unidade resgatam o restante. Já vi jovens saindo daqui com quase R$ 7 mil”, disse Marconi dos Santos.
Um dos adolescentes afirma que encara o trabalho como uma grande oportunidade. “Além disso, eu também posso ajudar minha família e adquirir experiência”, destacou.
Diferentemente do que é previsto na Lei de Execuções Penais (LEP), aplicada aos presos que cometem crimes após os 18 anos, no regime socioeducativo cada dia trabalhado não diminui três dias da pena. “Nem todos são voluntários ao trabalho, mas existem aqueles que enxergam como uma nova oportunidade de recomeçar a vida em outros moldes”, contou Marconi dos Santos.
Ele explica que, para conseguir uma das vagas, o jovem é submetido a um processo seletivo. “A primeira seleção somos nós que fazemos dentro daqueles que manifestam interesse em concorrer à vaga. Antes de indicar os socioeducandos que passarão pela entrevista realizada pelo empregador, a equipe multidisciplinar faz uma análise rigorosa do perfil do jovem, o comportamento, se ele tem família ou não, se quer mudar de vida e outros critérios. Além disso, nós damos instrução de como deve se portar durante a entrevista”, afirma o subgerente socioeducativo.
A gerente da Fazenda Walkymar, Letícia Durão Rodrigues de Jesus, conta que a parceria com o Iases surgiu desde 2016. “Começamos com um jovem e, atualmente, estamos com sete. Antes de contratá-los, nós fazemos uma entrevista para selecioná-los. Durante o tempo em que estão contratados, nós acompanhamos de perto e, felizmente, a maioria deles evolui. Fazemos nossa parte como cidadão e cristão e ficamos felizes porque estamos ajudando esses jovens a recomeçarem suas vidas”, exclamou.
Outro jovem que faz parte da experiência, enxerga o trabalho como um recomeço. “Quero agradecer a Deus e ao corpo gestor pela confiança em mim depositada. Acredito que essa oportunidade já é um grande recomeço da minha nova vida”, disse.
A inserção desses jovens nessa nova realidade é acompanhada de perto pela equipe do Iases. “Não preparamos só para o mercado de trabalho e sim para a vida. Acompanhamos o início da rotina de trabalho desses jovens e oferecemos apoio psicológico. Eles estarão diante de um grande mundo e devem estar preparados para lidar com essa liberdade. Por isso, estamos sempre lembrando que eles ainda estão em regime fechado”, enfatizou o subgerente socioeducativo da Unis Norte.
“Hoje foi meu primeiro dia de trabalho e sou muito grato à equipe técnica e aos gestores pela responsabilidade e confiança, estou feliz com a experiência”, exprimiu um dos jovens que está passando por esse processo.
Em relação aos estudos, Marconi dos Santos informa que, diante da pandemia, as aulas passaram a ser on-line e, assim como os demais, os jovens empregados receberam apostilas para estudarem quando retornam do trabalho. “Eles fazem as tarefas, assim como os outros, e enviam para a pedagoga do Iases, que leva para a escola e fica responsável por ministrar as aulas”, acrescentou.
Texto: Fernanda Pontes
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