10/06/2014 11h36 - Atualizado em 01/07/2016 11h28

Livros: companheiros inseparáveis de adolescentes

Juntas elas já leram mais de 400 obras dos mais diversos gêneros. E é durante o intervalo das aulas, ou mesmo à noite, quando estão todas dormindo, que três adolescentes se emocionam, sofrem e riem com as aventuras de seus personagens favoritos. Os livros são seus inseparáveis companheiros. E com eles, as meninas – que cumprem medida socioeducativa na Unidade Feminina de Internação (UFI), estão reescrevendo suas histórias, provando para todos que é possível mudar e seguir novos rumos.

Mas a leitura nem sempre foi uma realidade no cotidiano das jovens. Assim como as demais internas, elas foram incentivadas a criarem o hábito, se destacaram e não pararam mais de ler. E admitem: passaram a gostar de ler por incentivo das equipes pedagógicas. Hoje, este é o passatempo favorito delas.

“F.S.P”, de 15 anos, é destaque dentro da Unidade. Há pouco mais de seis meses na UFI, a socioeducanda já leu mais de 200 títulos. Ela diz que não tinha paciência e em poucas páginas se dispersava. Mas lembra, no entanto, que começou a gostar dos livros pelo apoio recebido de uma das agentes.

“Os livros me ajudaram em diversos aspectos, como na fala, concentração e principalmente na minha maneira de interagir com as pessoas. Não consigo definir o meu favorito, mas gosto dos que tem romance e ficção. O único problema é que as histórias acabam muito rápido. Por isso gosto de livros grandes. Já cheguei a ler um de 742 páginas em quatro dias Já li todos da biblioteca. Quase 200”, conta.

Outra jovem que se destaca é “A.S.R”. Com 15 anos, ela foi a grande campeã do Concurso Literário promovido na Unidade. Na ocasião, foram quase 50 obras lidas em um mês, aproximadamente 200, no total, desde que chegou à Internação, conta orgulhosa.

“Os livros são um refúgio para mim, uma maneira de fugir da realidade. Fico imaginando aparência dos personagens, me apego, sofro junto com eles. O “Prisioneira em Teerã”, de Marina Nemat, mexeu muito comigo, por que conta a história de uma menina que foi presa muito jovem, e tem de lidar com toda essa nova realidade. Me identifiquei bastante, e assim como a personagem também espero um final feliz”.

Já a vice-campeã, “T.G.S”, de 16 anos, conta que apesar de já ter o hábito de ler antes mesmo de cumprir medida socioeducativa, os incentivos recebidos das equipes pedagógicas a fizeram se dedicar ainda mais. A socioeducanda conta que deixou a mãe surpreendida ao abandonar gírias e falar de forma mais culta.

“No dia em que ela veio me visitar, disse que eu estava diferente, mais calma, falando melhor. Já gostava de ler, mas aqui estou lendo muito mais. Aproveito os intervalos e leio antes de dormir. Os meus livros favoritos são o “Ladrão de Almas”, e “A Cidade do Sol”.

De acordo com Frantieska Azevedo, subgerente da Unidade, as mudanças no comportamento das socioeducandas são enormes, e sentidas por todos. “É muito gratificante saber que somos parte desse processo. As meninas chegaram aqui sem gostar de ler, e foi a partir do nosso incentivo, e claro, vontade delas, que mudamos o curso da história. Nós, enquanto equipe, observamos uma mudança muito grande nelas, não só no comportamento, mas principalmente no modo de falar. O vocabulário, à medida que elas vão lendo, vai ficando melhor, com menos gírias”.

A Unidade Feminina de Internação (UFI) possui uma rotina de incentivo à leitura por meio de trabalhos pedagógicos e do Concurso Literário. A intenção é induzi-las a criar uma rotina de acesso aos livros para melhorarem a fala, fazer pontuação adequada, se desenvolverem intelectualmente, conhecerem novas palavras, e eliminarem gírias do vocabulário. A próxima edição do concurso deve acontecer no início do segundo semestre.

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Texto: Rhaissa Afonso
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