22/03/2012 08h57 - Atualizado em 01/07/2016 10h45

Adolescentes de Unidade Feminina debatem preconceito

O Projeto Gentileza da Unidade Feminina de Internação (UFI) do Instituto de Atendimento Socioeducativo do Espírito Santo (Iases) está desenvolvendo uma semana de trabalhos pedagógicos e reflexões sobre diversos temas relacionados à convivência social.

Em homenagem ao Dia do Portador da Síndrome de Down, lembrado nesta quarta-feira (21), as adolescentes trabalharam o tema “Preconceito” numa perspectiva de desconstruir qualquer tipo de preconceito relacionado à cor, tipo físico e deficiências físicas ou mentais.

Para que a atividade ficasse mais interessante, a oficineira Magna Lopes escreveu um texto sobre o tema e convidou todas as jovens a falar sobre a presença do preconceito em suas vidas. Dentro do debate, o exercício era perceber aquelas atitudes de caráter preconceituoso carregadas desde a infância e buscar atitudes que ajudem a romper tais práticas.

Outro tema também abordado durante essa semana de gentileza foi a “Paz”. A unidade trabalhou o tema nos mais diversos sentidos, como a paz interior, mental e espiritual. As adolescentes produziram um painel decorativo onde expressaram qual sua visão de paz e como alcançá-la de forma diária.

As intervenções do Projeto Gentileza foram realizadas tanto na escolarização quanto das oficinas pedagógicas da unidade. De acordo com a pedagoga da UFI, Frantieska Azevedo, os trabalhos incentivaram as adolescentes a construir um ambiente harmonioso e a compartilhar experiências nas terapias de grupo.

“Proporcionamos um espaço para que elas se sentissem à vontade para falar sobre suas experiências pessoais de falta de paz na escola, na comunidade e na família. O momento também foi de pensar as atitudes individuais que podem ser tomadas para promover a paz no dia a dia”, contou.

Confira o texto:

Deus decepção

Eu,
Cheio de preconceitos
Racista!
Eu,
Você,
Nós...nós todos,
Cheios de preconceitos.
Mas,
Estou pensando agora
E quando chegar a minha hora?
Meu Deus!
Se eu morresse amanhã de manhã?
Numa viagem esquisita,
Entre nuvens feias e bonitas,
Se eu chegasse lá?
E um porteiro manco,
Como os aleijados que eu gozei viesse abrir a porta,
E eu reparasse em sua vista torta igual aquela que eu critiquei.
Se sua mão tateasse pelo trinco, como as mãos do cego que não ajudei?
Se a porta rangesse,
Chorando os choros que provoquei?
Se eu visse as paredes caindo,
Como as da creche e asilos que não ajudei?
E se a criança tirasse corpos do caminho,
Corpos que eu não levantei, dando desculpas que eram bêbadas.
Mas eram epiléticas.
Que era vagabundagem,
Mas era fome!
Meu Deus!
Agora me assusta pronunciar seu nome.
E se mais para frente eu visse um corpo de alguém exposto,
Jogado por minha causa.
Porque não estendi a mão?
Porque no amor fiz pausa?
E dei, sei lá, só dei desgosto.
Deus não está vestido de ouro!
Mas como?
Está num simples trono
Simples como não fui!
Humilde como não sou!
Deus simples! Deus negro!
E eu...
Racista!
Egoista!
E agora?
Meu Deus você é negro que decepção.
Não dei emprego, virei o rosto,
E agora?
Será que vai me dar um canto,
Vai me cobrir com seu manto?
Ou vai me virar o rosto?
Deus pregaram você na cruz
E você me pregou uma peça
E me esforcei bastante
Em tantas coisas, e cheguei lá até a pensar em amor,
Mas nunca,
Nunca pensei em adivinhar a sua cor.

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Texto: Gabriela Zorzal
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