A Unidade Feminina de Internação (UFI) convidou o Grupo Mulheres Guerreiras para ministrar uma palestra sobre Violência Doméstica, destinada às adolescentes e jovens em cumprimento de modalidade socioeducativa. A ação, realizada no último dia 20, teve como objetivos orientar as meninas e meninos transexuais que cumprem medidas socioeducativas na unidade sobre as práticas de violência doméstica e ensinar a buscar ajuda, caso sejam vítimas.

A gerente da Unidade Feminina de Internação, Mayra Amado Barcelos, destacou que a violência doméstica e familiar contra as mulheres é uma triste realidade presente em todo o mundo, que se manifesta de diversas formas e intensidades. “Essa problemática motiva crimes hediondos e violações graves aos direitos humanos. Na UFI, é comum nos depararmos com socioeducandas e socioeducandos que têm em suas histórias familiares o contato com a violência doméstica.

“Por isso, fizemos o convite ao grupo para que viesse à Unidade e, somado aos atendimentos técnicos já realizados, as meninas e meninos (trans) pudessem ter acesso a exemplos e recursos que os levem a não responsabilizar a mulher pela violência sofrida ou minimizar a gravidade da questão, bem como para procurar meios de prevenção ou ajuda”, afirmou Mayra Barcelos.

Um dos socieducandos, que é um menino transgênero, se emocionou bastante durante a palestra. “Eu vi o meu pai na fala daquelas mulheres e percebi que eu reproduzi com minha parceira o que meu pai fazia com minha mãe. Meu Deus, eu não posso e nem quero ser assim, eu preciso me desculpar e nunca mais fazer mal a nenhuma mulher. Não quero que nenhuma mulher passe pelo que ela (a palestrante) passou. Deus me livre fazer isso a alguém", desabafou.

Já a integrante do Grupo Mulheres Guerreiras, Camila Lopes da Costa, avaliou a experiencia de participar da palestra na UFI. “Foi muito gratificante ver cada rosto daquelas(o) meninas/meninos escutando atentamente o que era falado. Temos certeza de que muitos ficaram pensativos e tiraram algumas dúvidas. A violência contra a mulher é uma cultura que precisa se desconstruída, assim como o patriarcado e o machismo que ainda vivemos na nossa sociedade. Portanto, a educação com a prevenção é muito importante para nós sociedade e foi isso que tivemos a oportunidade de fazer na Unidade", relatou.

O Grupo Mulheres Guerreiras

Sediado em Jardim Carapina, o Grupo Mulheres Guerreiras é conhecido por seu trabalho de orientação e escuta humanizada para vítimas de violência doméstica, bem como pela promoção de palestras e rodas de conversa sobre o tema.

Texto: Fernanda Pontes

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