26/08/2025 17h27 - Atualizado em 31/08/2025 09h28

Filosofia de Djamila Ribeiro inspira adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa no Iases

Todas as quartas-feiras, a biblioteca da Unidade Feminina de Internação (UFI) do Instituto de Atendimento Socioeducativo do Espírito Santo (Iases), em Cariacica, se transforma em palco de leituras que despertam reflexão, identidade e resistência. É dia de Roda Literária, projeto que há quase dois anos convida adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa a mergulharem no universo da filosofia e do pensamento crítico.

Os encontros são guiados pelas obras da filósofa e escritora Djamila Ribeiro, referência no debate sobre feminismo negro e antirracismo. As primeiras obras escolhidas — Quem tem medo do feminismo negro? e Cartas para minha avó — abordam racismo, desigualdade, pertencimento e a força de ser mulher. A cada quarta-feira, um novo capítulo é lido coletivamente, seguido por debates que estimulam as adolescentes a compartilharem vivências pessoais, opiniões e questionamentos.

A gerente da UFI, Mayra Barcelos, idealizadora e mediadora do projeto, explica que a proposta vai muito além do incentivo à leitura. “A Roda Literária é um espaço de troca que permite às adolescentes se verem como protagonistas da própria história, amplia o repertório cultural e estimula a reflexão crítica sobre o mundo e sobre si mesmas”, destacou.

“Para mim, adolescente negra, ler livros sobre feminismo negro me ajudou a ter orgulho de quem sou. Com a Roda, aprendi a me valorizar”, conta uma socioeducanda de 18 anos. Outra adolescente, de 15 anos, acrescenta que “é emocionante debater cada capítulo. A gente se identifica com as histórias, se emociona. A Roda é muito importante para nós”.

A Roda Literária também recebe convidados de fora do Instituto. A defensora pública Adriana Peres, coordenadora do Núcleo Especializado da Infância e Juventude da Defensoria Pública do Espírito Santo, destacou que é emocionante ver como a Roda Literária envolve não só as adolescentes, mas toda a equipe da unidade. “O projeto promove diálogo, escuta e acolhimento, contribuindo para que cada participante se torne mais crítica, consciente e digna”, afirmou.

A agente socioeducativo da UFI, Maiara Góis, que é presença constante na Roda, declarou que a experiência tem sido transformadora. “A Djamila abriu minha mente para muitos assuntos sobre feminismo negro. É incrível ver as meninas se descobrindo, se fortalecendo e ganhando coragem para o mundo”, disse.

Segundo Mayra Barcelos, a ação está alinhada às diretrizes do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase), que preconiza práticas pedagógicas que valorizem escuta, crítica e autonomia. “Na Roda, a leitura transforma páginas em possibilidades e mostra que, mesmo em contextos de privação, é possível abrir janelas para novos futuros”, concluiu.

 

Texto: Rafaela Salvador

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