Doze socioeducandos da Casa de Semi Liberdade de Vila Velha tiveram a oportunidade de participar de uma Roda de Conversa com a equipe de referência do Núcleo de Atendimento ao Egresso (Nuae). A ação, realizada nessa quinta-feira (17), faz parte da etapa de “Aproximação” prevista no Programa de Atendimento aos Egressos do Sistema Socioeducativo (Paesse) e é voltada para os adolescentes que já vivenciaram a apresentação do Programa.

A pedagoga socioeducativa do Nuae, Renata Vitório, explicou que o objetivo da atividade foi promover um processo reflexivo com os socioeducandos. “A ideia é refletis sobre a vida após o cumprimento da medida socioeducativa, bem como abordar, sonhos, desejos e planejamento do seu projeto de vida com foco no início das ações ainda na medida socioeducativa”, informou.

Para contribuir com a Roda de Conversa, a equipe convidou o egresso,  Matheus de Morais Rocha,  que atuou como facilitador. ”Ele compartilhou sua jornada na socioeducação destacando como a medida socioeducativa impulsionou seu crescimento pessoal e profissional.  Ele ainda abordou sua experiência no mercado de trabalho, estágio e seu ingresso no ensino superior no curso de Direito com bolsa de 100%, obtida por meio da prova do Enem que ele fez enquanto cumpria a medida socioeducativa”, disse Renata Vitório.

A responsável pelo Nuae, Carolina Baptitsti Tomaz, avaliou como fundamental para os socioeducandos em processo gradual de desligamento da medida socioeducativa  a participação de egressos atuando como parceiros da Nuae, nas ações da etapa de aproximação. 

"A equipe tem se empenhado em estimular os socioeducandos para a adesão ao acompanhamento ao egresso quando extinta a medida socioeducativa. E para isso tem-se desenvolvido ações que visa implicar o socioeducando na (re)construção do seu projeto de vida, a despeito de um cenário estigmatizador, onde o adolescente/jovem possa ser o protagonista de uma história com escolhas conscientes e permeadas por múltiplas oportunidades; da preparação do adolescente/jovem e de sua família para o retorno à liberdade, onde as condições de sobrevivência e sociabilização possam ultrapassar a condição de marginalidade e, principalmente a recusa e denúncia a toda forma de violência que perpasse o universo desses egressos, para que este ciclo não mantenha sua perpetuação. Por isso, a participação do jovem Matheus com seus relatos intensos profundos tem servido de inspiração para os demais em cumprimento de medida", ressaltou.

Ela destaca ainda que, aderir ao Paesse impulsiona os adolescentes e jovens a experimentar um novo estilo de vida distante da prática de ato infracional, contribui para a motivação, protagonismo e autonomia. "Quando do retorno à sociedade, os adolescentes/jovens enfrentam enormes desafios e é agravada pelo estigma da privação de liberdade. Faz-se necessário encontrar novas formas de resolver os conflitos sociais. Assim essa equipe se coloca com suporte nesses novos desafios. Tal acompanhamento fortalece-os bem como seus familiares nesse processo de ressignificação da trajetória infracional", explicou.

Na ocasião , o egresso abordou com os adolescentes/jovens sobre a importância do processo reflexivo em relação à desaprovação do ato infracional e a importância da família na participação durante e depois da Medida Socioeducativa e lembrou que fez 20 cursos profissionalizantes, assim como o Enceeja e Enem, que proporcionaram o seu ingresso no ensino superior, enquanto cumpria a medida socioeducativa de internação. “Atualmente, ele está cursando o 7° período do curso de Direito incentivado pelo juiz de Direito, Vladson Couto Bittencourt”, disse a pedagoga socioeducativa do Nuae.

Durante sua participação, Matheus agradeceu pela experiência positiva e também falou sobre a dedicação e o trabalho da equipe técnica durante o cumprimento da medida socioeducativa, assim como a sua inserção e acompanhamento da equipe Nuae após receber o seu alvará de liberação.

Ao final, ele ainda respondeu algumas perguntas feitas pelos socioeducandos.

Texto: Fernanda Pontes

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