08/02/2024 14h46 - Atualizado em 23/02/2024 15h31

Socioeducandos participam de oficinas de quadrinhos do Projeto Narrativas Periféricas

Cento e cinquenta e um socioeducandos das 12 unidades socioeducativas do Espírito Santo participaram das oficinas de quadrinhos do Projeto Narrativas Periféricas, realizado pela Ciclo Escola na segunda quinzena de janeiro e que terminaram na última sexta-feira (02). As oficinas foram ministradas por jovens que participaram da primeira etapa do projeto, que foi uma Formação em Quadrinhos voltada para as juventudes indígena, negra, periférica e da comunidade LGBTQIA+. Cada um recebeu uma bolsa no valor de R$ 1,2 mil para atuar como instrutores.

“Os educadores falaram de suas referências e identidade que fazem parte da construção dos desenhos e de suas histórias. Eles abordaram técnicas básicas de desenho e elementos básicos dos quadrinhos, além de dicas de como construir uma história. Tudo isso foi feito com muita música, que estimulou a criatividade, a atenção e principalmente, transportou os jovens para fora do cárcere. Durante as aulas os jovens montavam uma playlist da escolha deles”, diz a coordenadora do projeto, Karlili Trindade.

Conforme relata Karlili, criar histórias foi um desafio para os socioeducandos em um ambiente com tantas privações. “Mesmo que eles não soubessem desenhar, ao final das aulas eles produziram muitos desenhos”, diz. As oficinas foram aprovadas pelos jovens. Um participante da Unidade de Internação Provisória Sul (Unip Sul), em Cachoeiro de Itapemirim, afirma que nunca tinha pensado em trabalhar com desenho, mas agora vislumbra essa possibilidade. “Se eu puder, quando sair vou fazer mais”, planeja.

Além de uma possibilidade profissional, os socioeducandos viram na atividade uma forma de se expressar. “É uma forma de expressar os sentimentos em desenhos”, diz um jovem da Unidade de Internação Sul (Unis Sul), também em Cachoeiro de Itapemirim . Um outro socioeducando da mesma unidade complementa: “é uma iniciativa inspiradora, pois essa atitude incentiva vários adolescentes a seguir o caminho que gosta e ajuda a aliviar o psicológico”.

Antes de serem realizadas nas unidades socioeducativas, as Oficinas de Quadrinhos também foram feitas na Associação Indígena Tupiniquim e Guarani, localizada na aldeia Caieiras Velha, em Aracruz. Foi ministrada pela jovem indígena Dani, que também participou da Formação em Quadrinhos de outubro passado, também por meio do Narrativas Periféricas. No caso da aldeia de Aracruz, o conteúdo da oficina foi relacionado à construção de narrativas plurais, uma perspectiva indígena associada aos quadrinhos.

O Projeto Narrativas Periféricas é realizado pela Ciclo Escola, conta com patrocínio da empresa Transportadora Associada de Gás – TAG, viabilizado por meio da Lei de Incentivo à Cultura Capixaba (LICC), da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), além de apoio da AITG , do Instituto de Atendimento Socioeducativo do Espírito Santo (Iases) e da Secretaria Municipal de Cultura de Vitória.

Gibitecas

No início de dezembro, o Narrativas Periféricas encerrou uma de suas etapas, que foi a entrega de 14 gibitecas nas Unidades Socioeducativas do Espírito Santo, possibilitando aos socioeducandos o acesso à leitura de quadrinhos, mangás, graphic novels, fanzines e cordéis, entre outras produções do universo geek.

A construção das gibitecas envolveu a aquisição de 60 almofadas e pufes, como parte do mobiliário, 163 metros de tatame, 3.600 exemplares para os acervos, além de 450 metros de área grafitada, já que cada gibiteca conta com painéis em grafite pintados por um time de 12 artistas: Karen Valentin, Starley Bonfim, Luhan Gaba, Fredone, ED Brown, Nico, Fel, Thiago Balbino, Camaleão, Jotta, Rudinho e Menoon.  Nas unidades de semiliberdade foram realizadas oficinas de grafite para criar os painéis. Dos 56 socioeducandos que participaram da etapa da pintura, 19 já ganharam liberdade.

O acervo das gibitecas é composto por exemplares doados durante a campanha realizada em Vitória, Cachoeiro de Itapemirim e Linhares, além de exemplares comprados em sebos, editoras e diretamente com autores negros e periféricos. A proposta é que os jovens, que cumprem medida socioeducativa e representa um recorte específico da periferia, possam entrar em contato com obras de artistas que também são periféricos, estimulando seu engajamento no universo geek a partir da identificação de seus pares.

Até o final do projeto, será produzida uma coletânea reunindo trabalhos dos alunos da formação e das oficinas, e também uma websérie, a serem lançadas no evento de encerramento, em fevereiro.

Sobre a TAG

A TAG detém a mais extensa rede de gasodutos de transporte de gás natural do país, com aproximadamente 4.500 km, que atravessam quase 200 municípios de dez estados brasileiros. São 3.700 km na região costeira do Brasil – nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Espírito Santo e Rio de Janeiro –, e outros 800 km no Amazonas.

No Espírito Santo, a TAG possui aproximadamente 540 km de gasodutos, transportando o gás natural que abastece a Companhia Distribuidora, térmicas e indústrias.

A Companhia tem como acionistas a ENGIE, com 65% de participação, empresa líder em energia renovável do país, que atua em geração, comercialização e transmissão de energia elétrica, transporte de gás natural e soluções energéticas, e a CDPQ, grupo de investimentos global, com 35% de participação.

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