Socioeducandos atendidos pelo Instituto de Atendimento Socioeducativo do Espírito Santo (Iases), na Unidade de Internação Norte (Unis Norte) e na Unidade Feminina de Internação (Ufi), participaram da 4ª edição do evento “Caminhos Literários no Socioeducativo: pelo direito à cultura”. Promovida pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), por meio do programa “Fazendo Justiça”, a iniciativa celebrou os 35 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente (Ecriad) e reforçou a valorização do direito à cultura no sistema socioeducativo, especialmente por meio do audiovisual, da literatura e da expressão artística.

Com o tema “Adolescências em Cena”, o evento foi realizado nos dias 03, 04, 08 e 09 de julho e teve início com a conferência “Do Livro ao Beat, da Tela à Rua: Como Contamos Nossa História”, transmitida ao vivo pelo canal do CNJ no YouTube e que reuniu nomes, como Adalberto Neto e Cassia Vale. A programação também contou com mesas institucionais, debates sobre políticas culturais na socioeducação e a apresentação de projetos culturais desenvolvidos por parceiros do CNJ.

Como parte da programação, os jovens da Unis Norte fizeram uma saída cultural à Reserva Natural da Vale, acompanhados por agentes e equipe técnica. Conheceram pontos da reserva, como a carpoteca e o meliponário, e encerraram a visita com um piquenique. Na Unidade Feminina de Internação, as adolescentes visitaram o Museu Capixaba do Negro (Mucane), em Vitória, ampliando o contato com a cultura local.

Para a subgerente socioeducativa da Unis Norte, Natália Garcia Verly, o Caminhos Literários foi fundamental para garantir os direitos culturais dos adolescentes privados de liberdade. Ela destacou que a literatura auxilia na reconstrução das histórias e no fortalecimento da identidade dos jovens. “A leitura amplia horizontes, estimula o pensamento crítico e contribui para a ressocialização, reafirmando a arte e a educação como ferramentas de transformação e valorização da dignidade no sistema socioeducativo”, afirmou.

A subgerente socioeducativa da Unidade Feminina de Internação, Mayra Barcelos, reforçou esse olhar. “Com a força da palavra e o poder do pensamento, por meio da leitura transformamos páginas em possibilidades — e mostramos que, mesmo em contextos de privação, é possível abrir janelas para novos futuros”, disse.

Um dos adolescentes participantes, de 18 anos, ressaltou que todas as etapas do evento foram “muito gratificantes” e proporcionaram acesso a conhecimentos sobre um mundo desconhecido para muitos deles, destacando a importância de experiências que extrapolam a rotina da unidade.

O evento integrou a programação do CNJ voltada ao fortalecimento do direito à cultura no sistema socioeducativo, valorizando o audiovisual, a literatura e outras formas de expressão artística. 

Texto: Rafaela Salvador

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