Em um mês, 49 adolescentes/jovens que cumprem medidas socioeducativas no Instituto de Atendimento Socioeducativo do Espírito Santo (Iases) participaram de diversas ações que fazem parte da preparação para desligamento das medidas socioeducativas. As ações aconteceram ao longo de todo o mês de janeiro em diversas unidades, sob orientação do Núcleo de Atendimento ao Egresso (Nuae) e foram encerradas no último dia 05.
Os projetos são: “Na linha da liberdade – Uma Ferramenta Transformadora na Socioeducação”; “Na Crista da Onda” e “Ponte para o Futuro – Uma Ponte para a Transformação e Reinserção Social”. A chefe de núcleo do Nuae, Caroline Baptisti Silva Tomaz, explicou que essas ações cumprem uma das quatro frentes de trabalho do Programa de Atendimento ao Egresso do Sistema Socioeducativo do Espírito Santo (PAESSE) e uma delas é chamada de “Aproximação”, responsável por fazer a reinserção social dos jovens por meio de ações que promovem a emancipação cidadã, protagonismo juvenil e a autonomia responsável. "Nessa fase, o socioeducando(a) participa ativamente, buscando se fortalecer para o pós –medida e também tem a oportunidade de se conectar com a equipe do Núcleo que os acompanhará após o desligamento”, disse.
Ela destacou que esses projetos são como ferramentas criativas, atrativas e atuais que buscam atender às necessidades dos jovens quanto aos desafios da liberdade. “Iniciativas como essas reafirmam o nosso compromisso com a socioeducação e a reinserção social, provando que, com criatividade, dedicação, empenho e empatia, é possível construir pontes para um futuro mais inclusivo e cheio de oportunidades”, afirmou Caroline Baptisti Silva Tomaz.
De acordo com a responsável pelo Nuae, a equipe técnica do Núcleo realizou pesquisas com o intuito de garantir a assertividade das ações. “Essa pesquisa contou com a participação de 121 socioeducandos(as) que estão em preparação gradual para o desligamento da medida e teve o intuito de qualificar os serviços e atendimentos que realizamos no Nuae. Os resultados revelaram que uma das maiores dificuldades enfrentadas pelos socioeducandos é o risco de recaída no convívio com antigas amizades e na criminalidade. Esse dado reforça a importância de um acompanhamento qualificado que ofereça, não apenas orientação, mas também segurança emocional e social. E é, por meio das ações desenvolvidas por este setor, pautadas no tripé da emancipação cidadã, protagonismo juvenil e autonomia responsável que buscamos nos empenhar nos projetos. O intuito é que eles saiam daqui com novas perspectivas e a certeza de que, com apoio e dedicação e resistência, consigam alcançar a liberdade com responsabilidade e realização pessoal”, revelou.
Projeto “Na linha da liberdade – Uma Ferramenta Transformadora na Socioeducação”
Doze jovens da Unidade de Internação Metropolitana (Unimetro) participaram das ações do projeto “Na linha da liberdade – Uma Ferramenta Transformadora na Socioeducação” que utilizou de uma simples atividade lúdica que é a construção e a soltura de pipas como metáfora para falar sobre liberdade, superação de desafios e a reinserção social dos socioeducandos. A ação ocorreu nos dias 29 e 30 de janeiro.
Segundo o idealizador do projeto Pedro Lorenzoni a oficina não se limita a somente uma atividade recreativa. "A construção e soltura da pipa são apenas o ponto de partida. O que buscamos é provocar reflexões profundas sobre a vida, as escolhas e o significado da medida socioeducativa. A pipa, que precisa de equilíbrio e controle para voar, serve como uma metáfora para a vida desses jovens, que também precisam encontrar equilíbrio e direção para alcançar a liberdade e a transformação. Ver a pipa voando no céu é um momento mágico para eles. É como se vissem, ali, a possibilidade de alcançar seus próprios sonhos e objetivos", explicou.
De acordo com a pedagoga socioeducativa, Vera Ohnesorge, explica que a metodologia da oficina é cuidadosamente planejada para integrar desenvolvimento motor, cognitivo e socioemocional, pois durante a construção das pipas, os jovens são incentivados a refletir sobre suas escolhas e ações, enquanto a soltura das pipas simboliza a busca pela liberdade e a superação de obstáculos.
"A oficina tem sido um sucesso entre os socioeducandos, que demonstram grande interesse e engajamento. Além de desenvolver habilidades práticas, como coordenação motora e concentração, os participantes saem da atividade com uma maior autoconfiança e autoestima. Muitos começam a enxergar a medida socioeducativa não como um castigo, mas como uma oportunidade de recomeço. Eles entendem que, assim como a pipa precisa de controle e equilíbrio para voar, eles também precisam de disciplina e foco para construir um futuro melhor", complementou Vera Ohnesorge.
Projeto “Na Crista da Onda”
Nessa mesma perspectiva está o “Na Crista da onda – Liberdade com responsabilidade”, realizado no dia 21 de janeiro com três socioeducandas da Unidade de Internação Feminina (UFI) e, no dia 22, com quatro jovens da Casa de Semiliberdade de Vila Velha.
As socioeducandas passaram o dia na praia e foram incentivadas a refletir sobre liberdade e igualdade. A atividade contou com a participação do parceiro e egresso do sistema socioeducativo, o guarda-vidas Rômulo Eduardo Bernardo Pereira, que ofereceu suporte técnico e orientações de segurança para as participantes e suas equipes,além de compartilhar suas experiencias de ressignificação. Já os jovens da Casa de Semiliberdade de Vila Velha puderam viver a experiência de fazer uma trilha no Parque da Pedra Azul.
“Foi surreal. Quando estávamos na rua foi muita agitação, conseguimos ver que a vida tem muitas coisas boas, isso fez a gente repensar. Agora sabemos a diferença que a liberdade faz a todos nós e a nossa família”, relatou um dos adolescentes da Casa de Semiliberdade de Vila Velha.
O projeto ‘Na Crista da Onda’ trata da liberdade com responsabilidade, carregando um significado profundo especialmente para futuros(as) egressos(as), pois lembra que, ao conquistarmos nossa liberdade, também assumimos a responsabilidade pelas nossas ações e decisões. “Este projeto se destaca como uma ferramenta atrativa, criativa e contemporânea na busca por atender às necessidades do público alvo frente aos desafios da liberdade. Proporcionar reflexões profundas, necessárias e que fazem sentido para a adolescentes/jovens é o centro deste projeto que destaca os valores essenciais para a construção de uma cidadania ativa, plena e responsável", pontupu Caroline Baptisti Silva Tomaz.
Ela prosseguiu: "Sem dúvida, quando proporcionamos um ambiente extramuros, que permita despertar nessas adolescentes a possibilidade de mudança, de empoderamento e a preparação da liberdade com responsabilidade , concomitantemente resgata a dignidade, autoestima, o reestabelecimento de vínculos sociais, o fortalecimento da construção da sua história, preparando-as para o seu retorno à sociedade”.
Uma das jovens disse: “Infelizmente a gente só dá valor à liberdade quando se perde ela! Mas quero dizer que esta atividade me deixou muito feliz, abriu o entendimento e me ajudou a conservar uma vida fora da correria lá de fora, ainda mais que já estou quase recebendo meu alvará”.
Para o psicólogo e responsável pela condução da atividade, Giovanni Gomes Coelho, os ganhos biopsicossociais oriundos de ações dessa natureza são notáveis. "Planejar, criar, aplicar, desenvolver e monitorar resultados de ações com objetivos semelhantes aos acima citados, qualificam o fazer técnico e destacam a importância do programa no sistema socioeducativo”, frisou.
Projeto “Ponte para o Futuro – Uma Ponte para a Transformação e Reinserção Social”
Com o objetivo de introduzir conceitos e vivências do mercado de trabalho para os jovens da unidade, o projeto de orientação profissional e vocacional “Ponte para o Futuro – Uma Ponte para a Transformação e Reinserção Social” foi realizado na Unidade de Internação Metropolitana (Unimetro) e contou com a participação de 30 jovens.
A primeira turma reuniu 10 adolescentes da fase inicial nos dias 15,16 e 20 de janeiro. Na ocasião foram explorados o autoconhecimento e a identificação de interesses profissionais dos socioeducandos. Já nos dias 22,23 e 24 foi a vez de 10 socieoducandos da fase intermediária terem acesso às informações e aprender também sobre etiqueta profissional e a elaboração de currículos. Por fim, nos dias 31 de janeiro, 02 e 03 de fevereiro, 10 jovens da fase conclusiva, conheceram um pouco mais sobre identificação de oportunidades e planejamento profissional.
Para o psicólogo socioeducativo do projeto, Pedro Lorenzoni, o projeto vai além de uma preparação técnica para o mercado de trabalho, pois atua como agente transformador. "O trabalho é um dos pilares mais fortes para a reinserção social. Ele não só oferece uma fonte de renda, mas também dignidade, autonomia e um sentido de propósito. Quando esses jovens começam a enxergar o trabalho como uma possibilidade real, eles passam a acreditar que podem mudar suas vidas e romper com o ciclo de exclusão e marginalização", declarou.
Segundo a pedagoga socioeducativa, facilitadora do projeto e referência técnica da Unimetro no Nuae, Vera Ohnesorge, os adolescentes demonstraram engajamento e interesse e muitos relataram que, pela primeira vez, enxergam o trabalho como uma possibilidade real de mudança. "É emocionante ver a transformação que ocorre nesses jovens ao longo dos encontros. Eles chegam cheios de dúvidas e incertezas, mas saem com um plano, com esperança e, principalmente, com a crença de que podem construir um futuro melhor”, declarou.
O projeto é estruturado em três encontros, cada um com objetivos específicos que vão desde o autoconhecimento e a identificação de interesses profissionais até a preparação para entrevistas de emprego e o desenvolvimento de habilidades essenciais para o mercado de trabalho.
Texto: Fernanda Pontes
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